CASO VIVENCIADO -LINDINHA
Dia 03 - A VERDADE REVELADA
Dia 03 - A VERDADE REVELADA
Passou-se uma semana e tive nova oportunidade de conversar com a Lindinha
sem os pais, pedi a ela para desenhar o que estava acontecendo, no desenho
ficou claro (abaixo), e ela passou a me relatar os abusos sexuais que
vinha sofrendo desde os 7 anos praticados pelo pai em vários episódios,
inclusive as ameaças e detalhes dos abusos.
Perguntei então se falara com a mãe e ela disse que na primeira vez sim,
porem isso causou uma forte discussão entre eles e que ela não queria ver os
dois brigando e o pai dizia a ela que ela não tinha provas, então resolvera
calar-se.
Perguntei se ela falaria com a mãe se eu estivesse junto, o que ela
assentiu, combinamos de marcar uma hora nós três sem o pai para conversarmos e
ela contaria tudo.
desenho feito pela Lindinha |
Dia 04
No dia posterior tive nova conversa com os pastores relatando o teor dos
abusos e acertamos que deveria procurar o Conselho Tutelar e pedir orientações
e providenciar a conversa com a mãe e a Lindinha e guardar sigilo.
Dia 05
Foi assim que tive meu primeiro contato com o Conselho Tutelar, instalado
em uma casa modesta, com funcionários atenciosos, fui atendida sem necessidade
de marcar horário pelo Conselheiro, o qual ouviu atentamente registrando tudo e
aceitou aguardar a conversa com a mãe dizendo-me que se a mãe se omitisse na
proteção da criança eles entrariam para garantir essa proteção.
Dia 06
Três dias depois de a criança relatar-me os abusos consegui chamar a mãe
para conversar junto com a Lindinha às 10 da manhã e foi aí que ela ouviu da
própria filha o abuso do pai.
Foram momentos difíceis para a mãe, para a criança e, para mim que tudo
ouvia com o coração partido no meio.
Esse foi um dia intenso, nossa conversa durou cerca de duas horas, a mãe
profundamente abalada recusava-se a atender os telefonemas do pai, que ainda
não sabia de nada, e ela decidiu ir ao Creas, informando-me que já recebia
atendimento na unidade.
Começando pelo Creas, as autoridades tomaram conhecimento pela mãe dos
abusos, o Conselho Tutelar foi acionado pelo mesmo e tomou as providências
judiciais tais como boletim de ocorrência, exame de corpo delito, etc.
A mãe decidiu não falar mais com o pai desde então e não quis retornar a
casa, nós a abrigamos temporariamente até que o pai saiu de casa após ser
confrontado. E foi-se, não sabemos seu destino até
agora.
Toda esta situação por mim vivenciada foi um estágio em tempo integral,
aprendi sobre sigilo, aprendi a ter domínio nas ações, pois tive que manter
meus julgamentos de lado para atender mãe e filha vítimas de um pai abusador,
vítimas de um sistema perverso capitalista que tirou da mãe as condições de
educar a filha com segurança, pois ela precisava se ausentar por longos
períodos para trabalhar e a criança ficava sem atenção, sem escola de tempo
integral, essa garota ficara a mercê dos vizinhos no cortiço, do garoto de 14 anos
que lhe passava a mão sem respeitar o corpo da menina, vítima da pobreza,
vítima em todos os sentidos e sem direito algum garantido.
Essa
família é vítima da falta dos direitos humanos, os pais com pouca instrução não
tiveram o direito a educação, não tiveram o direito ao emprego e a renda, a
Lindinha não teve o direito a segurança, não teve o direito de ter uma infância
protegida.
A situação
torna-se agora caso de polícia...leia a parte 3.
Leia aqui a parte 3
leia aqui a parte 1
DDH -Artigo 23 §1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre
escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção
contra o desemprego.
Leia aqui a parte 3
leia aqui a parte 1
Nenhum comentário:
Postar um comentário