domingo, 4 de junho de 2017

LINDINHA - PARTE 01

1          CASO VIVENCIADO – LINDINHA
   
                      DDH - Artigo 25 §2.  A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais.
    Por se tratar de caso verídico, resguardei os nomes, a menina será chamada de Lindinha e os pais de pai e mãe. Essa é a história de uma garota que sofreu abuso sexual dentro do lar, história na qual fiz parte, um protagonismo não desejado, no entanto, não me furtei a corresponder à missão que caiu em minhas mãos e fiz tudo o que estava a meu alcance para mudar a história de vida da Lindinha e livra-la dos abusos, descrevo como em um diário e em partes e cronologicamente os acontecimentos que abrangem alguns meses do ano de 2017 e a história, no entanto, ainda não teve o seu fim.
DIA 01
    Foi em uma noite chuvosa, eu e meu esposo visitávamos a família como sempre fazíamos nos últimos 6 meses para o discipulado bíblico, e em meio às conversas a mãe nos relata que o pai colocou a Lindinha de castigo por uma hora e de joelhos, o motivo seria que a menina contou na escola que um garoto que mora no mesmo quintal que eles, teria lhe passado a mão nas partes íntimas e ela teria ocultado dos pais a informação, a princípio pensamos ser a reação do pai arbitrária, porém resultado de falta de sabedoria para lidar com problemas, indagando sobre como ele reagira com o garoto a mãe disse: “não fez nada”.
    Eu estranhei essa reação do pai e decidi conversar com a Lindinha sobre o assunto separadamente dos pais, mas não naquele dia.
Dia 02
    Era terça de carnaval, almoçamos juntos na igreja e o Pai não viera, aproveitei a oportunidade e chamei a Lindinha separadamente e perguntei: O que aconteceu que seu pai pôs você de castigo?
Lindinha falou que o menino constantemente passava a mão nela, que não contou aos pais por medo de apanhar, então perguntei: mas foi só a mão que ele passou, está acontecendo alguma coisa a mais, alguém está tocando em você?
    A lindinha então me diz que sim, o pai estava. O menino passara a mão, mas o pai fizera algo mais, ela então começou a ficar nervosa, roer as unhas e tampar a boca com as mãos e pediu para continuar a conversa em outra hora, o que aceitei prontamente.
    Após a saída de todos relatei imediatamente a meu marido e pastores a revelação que obtivera e acertamos manter sigilo e uma nova conversa com a Lindinha para apurar os fatos, pois deveríamos ter prudência diante de assunto tão chocante.
    Foi assim que iniciamos uma saga que exigiu esforços de sigilo, prudência, atenção integral, e oração.
    Minha liderança sobre a família está no âmbito eclesiástico, para que o leitor entenda, desenvolvemos na igreja um trabalho de capelania e atendimento integral a famílias com assistência espiritual, financeira, alimentar e demais demandas que possa haver, objetivando o empoderamento e fortalecimento da família.
    E antes de continuar para o dia 03 quero fazer uma pausa e traçar um perfil familiar:
    O pai: jovem, 33 anos, adicto em recuperação, recém saído de uma comunidade terapêutica, na qual ficara por dois meses para tratar da dependência química, sem profissão definida, alfabetizado, com vários períodos de afastamento da família ao longo dos anos.
    A mãe: 43 anos, empregada doméstica, semi-alfabetizada.
    A lindinha: 9 anos, única filha do casal, estuda no quarto ano fundamental.
     Moradia precária tipo cortiço, os dois desempregados e fazendo bicos para pagar o aluguel. O relacionamento dos pais, sempre conflituoso, refletia sobre a garota, pois assistia as brigas constantes.

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